Abelha sem mel / Casa sem quintal
Comida sem sal / Pintor sem pincel
Cuba sem Fidel / Viagem sem mala
Orador sem fala / Rodeio sem peão
Padaria sem pão / Pistola sem bala.
Circo sem anão / Laranja sem sumo
Navio sem rumo / Bonde sem vagão
Braço sem mão / Serão sem abono
Rainha sem trono / Terra sem humo
Muro sem prumo / Viola sem tono.
Rezar sem crer / Cabelo sem pente
Boca sem dente / Aranha sem tecer
Berço sem bebê / Anzol sem linha
Castelo sem rainha / Calça sem cós
Rio sem foz / Bêbado sem caninha.
Cantor sem voz / Praia sem mulher
Prato sem talher / Forca sem algoz
Ceará sem Orós / Rosa sem corola
Disco sem vitrola / Casaco sem lã
Eva sem maçã / Ostra sem pérola.
Faca sem corte / Mesa sem comida
Beco sem saída / Jogador sem sorte
Bússola sem norte / Cego sem guia
Copa sem pia / Bandido sem gang
Artéria sem sangue / Noite sem dia.
Igreja sem santo / Grife sem moda
Carro sem roda / Bebê sem acalanto
Funeral sem pranto / Bule sem café
Promessa sem fé / Fogão sem lenha
Conta sem senha / Paraíba sem Zé.
Sol sem calor / Inverno sem chuva
Videira sem uva / Casar sem amor
Procissão sem andor / Olho sem ver
Pimenta sem arder / Botão sem casa
Fornalha sem brasa / Eu sem você!
Autor: José Rosendo
Mourão deitado - Estrofe com dez versos, cujo esquema rimático é ABBAACCDDC, e deitado na seguinte disposição paralela: AB-BA-AC-CD-DC.
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