Esta noite eu me deitei:
Condenado às vozes do vento
Das trevas do momento
Do triste despertar do tormento.

Esta noite eu me deitei:
Na calmaria da tempestade.
Sentido preso a liberdade
A ruína de toda santidade.

Esta noite eu me calei:
Deitado a sombra do presente.
Ao falar de uma serpente
Aliada a perda de minha mente.

Esta noite eu me calei:
Frente o mal que anda comigo
Mesmo sem nenhum amigo
Fiz no ermo seu jazigo.

Esta noite eu me acordei:
Suado das sangrias do coração
Mar vermelho da libertação
Refletindo toda depressão.

Esta noite eu me acordei:
Aos berros de uma alma nua
Deixando estática a Lua.
Sonhos de Quimera crua.

Esta noite eu não dormi:
Apenas mais uma madrugada
De uma insônia calada
Vagando como zumbi.

Mais uma madrugada de uma insônia crua, se insônia matasse, mas pelo contrário são noites de pura poesia, apesar do cansaço.

Meu quarto