A areia branca, iluminada pela luz delicada do luar, parecia uma mulher deitada em seu leito sendo acariciada pelo extasiado amante delirante e apaixonado. As ondas, agora calmas e constantes, tocavam a orla em um ritmo diferente, parecia bolero, tango ou algo inexplicável, ou talvez inexistente, as estrelas debruçadas no céu observavam caladas, atentas e enciumadas. A noite agora estava a um passo da madrugada, seria uma curta e doce jornada. Lá no horizonte oculto pela tênue escuridão contemplamos formas de vida ou seria mera ilusão? A manhã se aproxima de pressa, ao mesmo tempo, sem pressa, preguiçosa e cautelosa. Um lugar de vidas apaixonadas, de estórias contadas a volta de fogueiras, nos luaus, nas caminhadas. Se pudermos viver pelo menos um dia a mais que seja lá na amada e querida Vila.

Cesar Garcez
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