A DANÇA DA POESIA

O que é o futuro senão o passado vivendo o tempo presente

com os olhos voltados para dentro, como fosse, do tempo, semente?

 

A cada dia uma nova invenção inventa o que sempre esteve por aqui,

cada pedra lascada, o fogo, a invenção da estrada, sumir, desaparecer, fugir...

 

Quanto mais a velhice esculpe a novidade da eternidade,

mais passo às mãos da mentira o diploma da mais pura verdade...

 

O que é estar aqui senão passar por dentro dos sonhos do criador

que nos criou para sermos semelhantes ao sonhou que ainda não sonhou?

 

Meu relógio de pulso me diz - meio-dia - o sol sorri e lança perdigotos,

minh'alma se furta a um passeio pelo cosmos cheio de cais e portos...

 

Ainda que tente te contar do prazer de estar vivo vivendo sem régua e compasso,

com estes versos a teus olhos danço a dança da poesia e todos os seus mil traços... 

Prieto Moreno
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