O que é o futuro senão o passado vivendo o tempo presente
com os olhos voltados para dentro, como fosse, do tempo, semente?
A cada dia uma nova invenção inventa o que sempre esteve por aqui,
cada pedra lascada, o fogo, a invenção da estrada, sumir, desaparecer, fugir...
Quanto mais a velhice esculpe a novidade da eternidade,
mais passo às mãos da mentira o diploma da mais pura verdade...
O que é estar aqui senão passar por dentro dos sonhos do criador
que nos criou para sermos semelhantes ao sonhou que ainda não sonhou?
Meu relógio de pulso me diz - meio-dia - o sol sorri e lança perdigotos,
minh'alma se furta a um passeio pelo cosmos cheio de cais e portos...
Ainda que tente te contar do prazer de estar vivo vivendo sem régua e compasso,
com estes versos a teus olhos danço a dança da poesia e todos os seus mil traços...
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