Escuto o canto esganiçado

da poesia que nasce

dentro do carro parado

de bombeiros

dois ou três - como parteiros

trazem à vida palavras que viverão a vida inteira

a multiplicação

como fosse um milagre nas mãos da beleza

de quem multiplicou o pão...

 

Sujo de sangue e ainda com o cordão umbilical

vejo os olhos da virgem mãe que sorri,

sabe que sua poesia será a mais bela

já nascida em todos os cantos, por aqui...

 

Ando, caminho, paro, penso,

absorvo o choro ainda longínquo deste maravilhoso bebê,

abro minha mente e aos olhos levo o lenço

como fossem as primeiras palavras do que ainda irei ler...

 

Prieto Moreno
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