Das flores prefiro os espinhos,

que me ferem com doçura e carinho;

que me fazem do meu sangue conhecer a cor,

que me ensinam que depois do prazer vem a dor...

 

Das ruas prefiro os becos, as vielas,

que é lá onde Deus e o Diabo põem na panela

a carne que procura a saída do labirinto,

que mentem aos homens como num poema minto...

 

Das verdades prefiro as mentiras,

que é lá onde se escondem a vaidade e a ira;

o que nunca se pronuncia como um relâmpago,

onde se mancha a vergonha que se veste de branco...

 

Da morte prefiro a vida,

feita de jejum e comida;

prefiro a inocência da loucura

do que o pecado da candura...

 

 

 

 

 

 

 

Prieto Moreno
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