QUEM DERA UM BEIJO AGORA

 

Sinto-me invisível neste leito noturno,

alguém açoitado por tanta ilusão.

Vejo nas paredes as grades de um grilhão

e o vagar de um réptil arisco e taciturno.

 

O silêncio destrói todo tipo de esp`rança,

é um plangente legado de quem na vida erra.

Sou um desterrado de minha própria terra,

uma alma perdida sem nenhuma importância.

 

Quem dera um beijo agora, de repente

fazendo-me confiar que o amor existe;

negando que sou eu inexistente.

 

Quem dera um beijo agora, lábios tristes,

dizendo que em meu peito decadente

alguém que me ama assiste.

 

 

ALEXANDRE CAMPANHOLA - 2002

 

Alexandre Campanhola
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