O amor é um abismo sem volta, e eu decidi pular
e não voltarei mais a superfície, afundo-me a cada novo sorriso
e quanto maior a profundidade, mais me vejo em escuridão
quem sabe eu morra logo ao chegar no chão, pois não quero mais 
acumular rancores, queria enxergar mais uma vez, só que
a escuridão cega minha razão, visão de quem ama é tropeço
indo fundo esperando novo começo, regresso e de novo
estou na estaca zero, um frio na minha barriga e tudo partindo
eu sucumbindo, estou indo, ao encontro de que, não sei, talvez
morrerei, porque se eu ficar vivo para contar a história
não contarei glórias, levarei luto em cada estrofe, faz tempo
que não vejo o brilho do dia, assasinei minha alegria, afim de ser feliz
e quem sabe um dia, quem sabe, um dia.
 

João Math
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