Em vez de lamentar em meu retiro
naquela hora eu queria ser um rei;
no píncaro da ventura e da glória,
tua fronte tão doirada eu fitei!
D`enleio um fervor meu casto peito
aos teus luzidios olhos me guiou;
uma lágrima vaga ungiu-me a face,
a face que o amor não afagou.
À refulgência de um olhar castanho,
levantei minha asa de poviléu,
e como águia valente e soberana,
eu só queria conquistar o céu.
Sem palavras, minha flor arquejante,
fitaste-me como se transparente
meu casto peito exaalasse um amor,
qual araponga de canto estridente.
Que encanta a flor do vale deslumbrante
com sua canção doce e predileta,
tu eras a minha musa vernal,
a virgem mais perfeita de um poeta.
Eu sentia uma tépida vertigem
diante de tua languidez infinda,
mas, era somente eu que merecia
a candura daquela fronte linda.
A nobre aragem em seu soprar tão brando,
meneava tuas belas madeixas.
Como defronte a uma moça faceira
eu lembraria minhas fúteis queixas?
Não! Já não era a vida uma procela,
afagaste o meu frívolo destino;
- Ai, os olhares infensos à vida,
douraram meu sorriso de menino.
Que imagem refolhava minha esperança!
Nem o teu pejo d`najo me impedia,
o langor mais sonhado de mirar
sem pensar no ocaso da fantasia.
Nunca serei o mancebo de outrora,
o qual defronte a ti pôde viver...
aquele que esfuziante sorria,
que agora de tristeza vai morrer!
ALEXANDRE CAMPANHOLA
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