TRANSCENDÊNCIAS

Há algo em nós que  transcende 

e  fica   deslocado  além do que passou  e se  passou. 

No  íntimo  implode  uma consciência   da  hesitação,  

do  abalo,  das  dúvidas,  que   passam  a  incomodar.   

Todos  os  indícios  recaem    na   direção  dispersa,   

entre  o  que   somos  e  os  utópicos  becos  murados, 

que  não respeitam   nossas  reticentes  e   tênues    

estruturas   corpóreas, moleculares,  atômicas,  

a    míngua  de  inquietos   corações !  

No  sobressalto   apenas   uma  vã  esperança, 

pelo  significado  das   limitações  que   nos   invadem

e   pelas    oportunidades   deixadas   todas  lá  fora. 

Mal  nos  perguntando  dos  alentos,   enlevos,   aqueles   

restos   tão   caros   pra   recordar,    que   em  nós  ardia

e   aos   poucos,   foram  deixados   morrer.

Quebra-se   então  um  tanto  da gente,   

e  o   que    torce,   retorce    e    distorce

é   o  pré-existente  e   incontrolável  

lamento,   pelas    eleitas    ausências   

e   os  urdidos  vazios.    

Sequência  partida  de  uma   essência,

do  onde,  do  quando,   do  quanto,

daquele   pontual   encanto   que   secou . . .  nesse  

arbitrário  e  pleno   lapso   temporal.

Quem   junta   os  cacos ?

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 

 


 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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