Égua Pocotó

 Aqui em casa somos oito irmãos cinco homens, e três mulheres.

O sonho de mainha é que nós todos casasse e sou a caçulinha
Por isso mainha tem muito zelo por mim e cuida de mim com muito amor
A mais velha das minhas irmãs é desmiolada cheia de filhos, sem amante, sem marido,
Não vou nem começar contar os podres da nossa família se não, não.
Sei se vocês vão chorar?... Ou sorrir?...
 
Mas, painho sempre foi um sanfoneiro dos bons aqui no bem-bom.
Quando painho era novo tocava nas serestas aqui na nossa cidadezinha
Painho era o coordenador: de serenata para as moças da cidade
Foi assim que conseguiu conquistar mainha...
Mas, painho falar que na sua época a música era um encanto.
Era como tomar banho no rio. Era como ganhar no rodeio
De um touro bravo de tão boa que era a música
Que painho nunca na vida conheceu um sabonete... Que painho vivia cheiroso
“Só da água” do rio...
 
Que os anos se passaram e começou o pocotó
E foi assim que meu irmão o fradinho, começou soltar a franga:
Lá no quintal de casa.
Painho disse: que depois de cá ele nunca mais parou
Que só vive no pocotó
Que ele não sabe mais se ele come ou dar
Ele não sai de lá de trás do quintal com a Égua pocotó
Até leva a bichinha pra praia
 
 
Depois disso painho nunca mais foi o mesmo. mainha vive pelos cantos chorando
Painho vive gritando Ô fradinho sai dai
Ô pra ir Õ mule
Mainha Só diz: deixa pra lá homi
Nu tem jeito mesmo esse miserento da gota serena no aprende
Ô pra ir Õ mainha painho me chamando de miserento
Mainha grita Õ homi deixa de soltar tua praga pra nosso fio
E painho grita que praga maior que criar um pocotó?
E mainha mas, meu veio é nosso fio
 
E assim são todos os dias quando meu irmão vai pra o quintal subir na égua
Leva a caixa de som pra quintal e coloca o disco
Minha eguinha Pocotó Pocotó pocotó pocotó pocotó
 
 
E meu irmão fradinho é o desgosto de mainha e painho
 
ASS: Baiana do bem-bom
 
 
 
 
 
 

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