A MENINA DA PENTEADEIRA!

 
Lembro-me cada traço cada expressão de um rosto jovem
Menina de quinze anos sentada de frente da sua penteadeira
Cachos nas pontas dos seus cabelos dourados um olhar agradável
Porém triste e profundo passava horas a se admirar
 
Vestido lindo tafetá de seda Italiana cor azul bebe
Meia fina cor da pele tão fina conto as mãos
Primeira sandália alta naquele pé tão macio
Diadema no cabelo de laço e flor
 
Não tinha cravos espinhas pele lisinha rosto redondo Buchecha
Rosada da montanha onde morava Appenzell noroeste da Suíça
 
Um ventre de dar inveja a todos que estavam naquela festa
Filha desce o baile vai começar
Qual perfume eu vou me perfumar?
 
Saudade...
Cristal Avon um vidro de cristal era o perfume sensual guardou no fundo da mala...
A toalha ficou aquele cheirinho...
Saudade almas de flores sabonete gostoso saboneteira
De conchas do mar levou para lá para o outro lado do mundo
 
Filha desce as amigas estão aqui
Saudade batom antigo moranguinho lembram? Poetisa trouxe na mala
Anel rosa pregado com chiclete da venda trouxe da Bahia
 
Nossa li você está linda
Que saudade...
O baile vai começar
Sentadas todas as meninas será que ele vai me chamar pra dançar?
Friozinho na barriga menino mais bonito da festa Gabriel Maier
Pai brasileiro Mãe Suíça
Tedio hoje é um homem casado
Burra porque não casei com ele?
 
WOLLEN SIE TANZ? JA SICHER dialeto Suíço
Você aceita dançar? Sim com certeza
A única música brasileira guardada na mala CD riscado
Todo mundo ria, mas só ela sabia dançar com graça e segurança.
Dançando Lambada
 
Ha! Ha!
Ha! Ha!
Morena cintura De mola,
Seu jeitinho Me faz relaxar
Esquecendo essa coisa faceira,
Desse jeito não sei que será
Felizmente morena a você
Na lambada me faz delirar
Dançando lambada He!
Dançando lambada lá
 
Os olhos pararam pestana nem piscava nossa como você dança
Bem ela só tinha quatro anos lá não tinha esquecido ainda da
Terra
 Mala da menina trazia sempre uma lembrança
Quando não era um perfume era uma lágrima
Um dia estava tão triste que pegou todas as cartas e rasgou
A única foto da mãe. Ela rasgou
Essa menina foi vendida e dizem que não se vende gente?
Tudo se vende no Brasil
Um dia disseram para essa menina
Minha queridinha tudo tem um preço até você teve o seu
Ela cresceu com essa frase
 
Passaram-se muitos anos essa menina ainda vive
Ainda chora
Ainda lembra-se dessa frase
Acreditam que até hoje ela ainda tem aquele CD?
Ela ainda tem o vidro seco do cristal do Avon
Esse perfume foi a vó dela que deu para ela
Essa menina é muito agarrada avó sua única vó por parte de mãe
 
Passaram mais anos a linda menina jovem de cabelos dourados
De cachos naturais olhos graúdos expressão triste olhar profundo
Ainda viver e ela acredita que ainda vai viver muito mais
Ontem ela mesma falou
Eu ainda não vi tudo meu Deus tenho muito ainda para ver
Daime graças e tempo para isso...
 
20 De Janeiro 2013
Poetisa
Desconhecida