A Seca (do Coração)

Como a seca que assola o sertão
Sinto meus lábios
Secos sem os beijos teus
Que um dia se fizeram intensos

A terra rachada, poeira no chão
Racha também meu peito
Sem água que cure essa secura
Como sem ti, pra curar meu coração

O clima árido do agreste
Que alcança toda a sertania
Me atinge como cipreste
Querendo que aqui estivesse
Para que voltasse minha alegria
Assim como volta a chuva
Alagando a sequidão
É a sua volta, enchendo minh’alma
De tanta emoção.

Dizer-te-ia, “não se vá”, “não me deixes”
Mas minha não és
Apenas faz parte do meu sonho
E sempre fará
Como os sertanejos que esperam
(ao final da seca)
o canto alegre do sabiá.