Ontem revirando nossos guardados, no baú da antiga casa.
Sentei na soleira da velha porta remendada para camuflar os estragos do tempo.
Senti o calor do sol das pedras e o vi descolorindo as ramos da jaboticabeira de vida,
encontrei resposta de gente perdida que diz... que o tempo nos emprestam sabedoria
e que nossa voz é pequena diante da grandiosidade do ar.
É..., talvez o tempo tenha razão, a vida gira como um salto embaixo dos meus pés descalços
no ritmo do meu coração.
A vida gira, desliza em águas plagiando minha voz, e o gosto das palavras
e os anjos continuam calados, com as mãos entrelaçadas.
O sol se foi tão depressa... já chegou a madrugada, que espia por entre as folhagens nossa casa abandonada.
Ontem toquei tudo que amamos juntos, as alegrias, as tristezas, que em minha memória continuam acesas.
Cristiane Coradi.
O destino de quem ama é caminhar sem rumo, como trajeto do fumo
noites e noites de vigília nas grades da ilusão.
© Todos os direitos reservados