Noite chuvosa, noturna tempestade, estranha, rara...
Procuro em vão a lua no céu, nuvens arroxeadas
Abrigam o astro em um manto de tintas apagadas
E a torna invisível aos olhos na celeste seara.
Neste céu tempestuoso, as nuvens parecem o infértil Saara.
O único brilho é o dos relâmpagos, o único som, o das trovoadas...
Minh'alma, amante do luar, sente-se atacada por cruéis espadas
Que rasgam minh'essência, a qual, indefesa, os golpes não apara.
Este ser, que sou eu e que procura o transcendentalismo,
Persegue o luar coberto de nuvens e sente a chuva cair num abismo
De vazios imensuráveis, de terrores esquisitos, de teor estéril...
Ó! Alma! Procuro tanto o infinito e a tempestade o esconde em seu suco!
Este néctar úmido, chuva de dores, líquido que tapa a lua, eunuco...
O céu está negro, não o supero para ver a lua, o noturno é tão funéreo...
Licença
Sob licença creative commons
Você pode distribuir este poema, desde que:
- Atribua créditos ao seu autor
- Distribua-o sob essa mesma licença