Derradeira vez em que minh'alma esteve contigo.

Derradeira vez em que, de fato, eu respirei...

Para esta tempestade negra, quem me dará abrigo?

Tornado de almas a me clamar, e eu adentrei...

 

Voei contigo: Eras um anjo lindo, magnífico, sublime...

Caí ao solo e agora me arrasto penosamente, como uma minhoca:

Meu império todo em ruínas... Será que cometi tão vil crime

A ponto de perder a tudo, a ponto de ter no coração uma broca?

 

Eu sinto como se me afogasse, asfixiasse ao beber o ar.

Uma frieza em corpo e espírito que enerva, petrifica...

Correndo com tudo o que tenho, em vão, tento te alcançar:

Renegas-me como se plebeu eu fosse e tu, rica...

 

Nada consola e, enfim, dói tanto que chego a ficar indiferente.

Conforme o tempo passa, a carne também se esfola com rapidez,

Posto que, o peso de um espírito ferido, não há quem enfrente

Sem igualmente ferir o corpo, por sua vez...

 

Se um dia, galguei contigo as mais suaves e agradáveis brisas,

Agora, resta apenas a vista de um tenebroso e cruel furacão!

Pousas na terra anjo e sem amor apenas em mim pisas

Dando menos do que esperava meu estúpido coração!

 

Arraste-me junto com qualquer indício do antigo sentimento!

Quero morrer com este amor, quero morrer sem conhecer o mal!

Não quero deturpar o que senti... Empurre-me, ó vento!

Sufoca-me, arrasta-me, rasga-me, poderoso vento final!