Teus lábios nos meus

Teus lábios nos meus

Antes que seus lábios encontrem os meus
Pareço esquecer-me de como respirar,
Mas quando deles provo o pomo, só há suspiros,
O arfar se junta meu e teu sem parar pra respirar,
Vai fugindo o sentido, vai sumindo o fôlego,
 
Só se escuta o suspirar, mas quem ali
Esta ciente desse suspirar, senão a presença,
Que presença? Aquele corpo grudado
Enxertado feito parte minha sem recorte,
 
Aquela presença que me rouba o fôlego
De modo que lhe agradeço ao invés de protestar,
Lhe peço mais e mais desses seus lábios mortais,
Já que me roubam o fôlego, me fazendo suspirar
Mesmo sem respirar, sem lembrar o que é ar,
 
E tudo gira confuso, não me lembro mais
Seja antes, durante, não sei se chego a respirar,
Mas sei que tu suspiras... Suspiras...
Antes que teus lábios toquem os meus,
Sinto teu hálito arfar me impregnando,
 
E diante desta sua hipnose vou enternecendo
E não consigo me lembrar de como respirar,
Só sei, depois que começarmos iremos nos afogar
Em desejo sem ter tempo a voltar...

Tão cedo a voltar a respirar... Suspiras então.

 

Allinie de Castro
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