Estou a ficar marreco,
mais pequeno,
mas mais pesos tenho!
Não sei o que me carrega!
Olho-me ao espelho e
não vejo o que me desassossega,
mas sinto-me pesado,
sem saber quem me pôs
assim tão carregado!
Com as mãos atrás das costas
tento agarrar o que me pesa
o que me carrega
mas nada encontro
nem nas costas nem nos ombros!
Continuo a pesquisa
sem pressa,
mas canso-me e mais pesado fico!
Ao tomar banho,
foi então que, Eureka!
descobri que
o peso estava na minha cabeça;
pó acumulado de tempos idos!
Só fiquei mais leve
quando rapei a cabeça
e fiquei careca
e limpos os ouvidos
por onde saíram pesos incomodativos,
que me punham quase marreco,
corcunda,
e de mim uma sombra.
Agora estou mais leve,
noutra onda
enquanto outro peso,
abaixo de mim, para
baixo tomba
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Autor: Silvino Figueiredo
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