Estou a ficar marreco,
mais pequeno,
mas mais pesos tenho!

Não sei o que me carrega!

Olho-me ao espelho e
não vejo o que me desassossega,
mas sinto-me pesado,
sem saber quem me pôs
assim tão carregado!

Com as mãos atrás das costas
tento agarrar o que me pesa
o que me carrega
mas nada encontro
nem nas costas nem nos ombros!
 

Continuo a pesquisa
sem pressa,
mas canso-me e mais pesado fico!

Ao tomar banho,
foi então que, Eureka!
descobri que
o peso estava na minha cabeça;
pó acumulado de tempos idos!

Só fiquei mais leve
quando rapei a cabeça
e fiquei careca
e limpos os ouvidos
por onde saíram pesos incomodativos,
que me punham quase marreco,
corcunda,
e de mim uma sombra.

Agora estou mais leve,
noutra onda

enquanto outro peso,

abaixo de mim, para

baixo tomba
...........xxxxxx.........
Autor: Silvino Figueiredo

 

Silvino Taveira Machado Figueiredo
© Todos os direitos reservados