Poesia é tudo o que se escreve?

 
Mesmo inspirando-me no realismo da vida cotidiana ou tendo qualquer outra inspiração poética, todos os meus versos são floridos e perfumados.
Também sou músico – violonista, cantor e compositor – e já compus, ao longo de minha vida, 28 (vinte e oito) canções com poesias contendo vários tipos de mensagens; no passado, algumas dessas canções foram classificadas em diversos Festivais da Canção em Santa Catarina e algumas dessas letras são de tremenda oposição a alguns governos mas, no entanto, quando as canto, canto com muito amor no coração e transfiro esse amor aos ouvintes.
Então, mesmo músicas com letras de protesto social eu as canto com leveza e amor, pois o que há de ser feito sem amor, sem flores perfumadas no coração?
Na década de 60, o cantor e compositor Geraldo Vandré compôs um hino que foi, durante muitos anos, um hino de protesto contra regimes de governos ditatoriais e, no entanto, o título da canção é "Pra não dizer que não falei das flores".
Outrora, eu cantei muito essa música no Diretório Central dos Estudantes da Universidade Federal de Santa Catarina - UFSC - e sempre a cantei com muito amor e com flores perfumadas em meu coração, apesar de ser uma música de protesto contra o regime militar imposto no Brasil.
Então, se não colocarmos o perfume da vida em nossos corações e não o transferirmos para as nossas poesias, tudo o que se escrever não será poesia e sim conto, crônica, artigo, redação etc.
 
 
 
Pra Não Dizer Que Não Falei Das Flores
(Geraldo Vandré)
 
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Caminhando e cantando
E seguindo a canção

 
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

 
Pelos campos há fome
Em grandes plantações
Pelas ruas marchando
Indecisos cordões
Ainda fazem da flor
Seu mais forte refrão
E acreditam nas flores
Vencendo o canhão

 
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

 
Há soldados armados
Amados ou não
Quase todos perdidos
De armas na mão
Nos quartéis lhes ensinam
Uma antiga lição:
De morrer pela pátria
E viver sem razão

 
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

 
Nas escolas, nas ruas
Campos, construções
Somos todos soldados
Armados ou não
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Somos todos iguais
Braços dados ou não

 
Os amores na mente
As flores no chão
A certeza na frente
A história na mão
Caminhando e cantando
E seguindo a canção
Aprendendo e ensinando
Uma nova lição

 
Vem, vamos embora
Que esperar não é saber
Quem sabe faz a hora
Não espera acontecer

Naza Poeta Holístico
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