Vem sono vem
suicida com as aflições do meu dia
não vale a pena orar antes de fechar os olhos
que a maldição já tem raízes e já tarda
cante uma canção pra ninar meus fantasmas
essas pálpebras só cedem ao gosto de calmante
asfixia sono com meu pesadelo delirante
esse em que vivo quando estou acordada
qualquer anjo que me beije boa noite estará atrasado
pois já passou da hora de dormir
há muito não vale a pena estar acordado
Meu cravo de defunto de todas as cores
meu manto celestial de astros fúnebres
brilha na minha mente um girassol descendente
ele procura a escuridão da noite eterna
gira conforme a solidão que consterna
ele é requiem e também pai e mãe do infinito
com ele eu giro
Vem sono vem
suicida com todo esse universo infame
já estou quase contida no vácuo, no buraco negro
pra onde vai todo e qualquer momento
não vale a pena derramar lágrimas no travesseiro
ele não consola mais, é tão mudo quanto as estrelas distantes
só falta o sono noturno me tomar pra si agora
que a calada da noite já me tomou faz tempo
Obrigada por me ler!
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