Estás  a  cem  quilômetros  daqui  pra  lá

Como   te remover  séculos  de   solidão

desamparo,  escárnio  e   exclusão

vivendo  e   dormindo  nesses  escombros

que   te  mói  !

 

A  um  quilômetro  daqui  te encontras 

Como   ensinar-te  que  existe  o   afago,   a   atenção 

o   compromisso  de  tradição  sanguínea

coisas  em  e  de  família.  Um  Papai  Noel  de  mentirinha

que  além  do  mais,   nunca chegou !

 

Te  vejo  a   cem  metros,  mas  não  te   vejo  como  quero  ver-te

nessas   posses   sem  posse,  rodeado  por   monstros 

a   induzir-te    no    próximo  crack

a  te  matar   melhor  !

 

Agora  face   a   face 

Que    rosto  é  esse  de   pedra ?

Que  superou  o  medo  e  a  as  incertezas    pela  indiferença

nesse  teu   esgar  de  ironia  !

 

Exato   passas  por   mim  e  não  me  vês.  Não !   Passas   por  ti  e  não  te  vês

e   na   sala   de   aula   não  respondes   presente 

Ah ! Aquela  bala  perdida 

ou  no  tambor  de  uma   arma  em   roleta  russa

que   com   teu  nome   gravado 

parece   que   respondeu   mudo  por  ti  !

Eu  te  ensinei   o    que  ?

Fui   tua  professora,   fostes   meu  aluno  e   diante de meu  olhar baixo

e  de   uma   lágrima que mal   disfarço  dessa   realidade 

agora  eu   sei . . . respondemos   ausentes ! 

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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