Afundando no tédio,

no vazio.

no claro,

no escuro.

 

No frio,

no abstrato,

no sono,

no eu-não-tenho-o-que-fazer.

 

Ouvir a mesma música

pela milésima vez.

Cantar como se soubesse a letra

e perder a voz antes de acabar a melodia.

 

Dizer a si mesmo que vai ser bom

e, ao hesitar por um momento,

perceber que só vai piorar.

Me convença que não.

 

Não há nada de errado

com umas horas de descanso.

Ou dias. Ou semanas.

Ou talvez haja.

Soraya Costa
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