Meus, agrados de gente urgente de desejos,
premências avassaladoras de um alguém
Meus, teus pressentimentos de separações totais, finais, de nunca mais
Reconsideradas, postergadas, deixadas pra lá, pela nossa debilidade de
dar cara ao mundo
Meus, insatisfações pela demora, revolta por descasos. Impulso
de abandonar tudo, pra não ter mais medo de perder
Meus, textos e livros . . . receituários, para aprender a impedir meus
arroubos, crises, destemperos; na exata clarividência de achar tudo
perdido . . . quando a surpresa revelava o perigo que eras
Meus, tempos passados a sombra do arvoredo, das florestas
inimigas de meu íntimo, em sucumbências inócuas
Meus, teus gestos passados, supostamente dedicados a mim, que eu
agora simplesmente acho graça . . . muita graça
Meus tudo que eu tive, que mesmo por não mais ter, ficou em
algum lugar muito além de nós, arquitetando desertos
Minhas, até essas vorazes, não banidas recordações
que me espanta . . . que me estraçalha
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