Fonte finda  e a sede,  omissa exaustão  a mitigar,

de paixão  desviada na fronteira das intenções. 

Devolva-me  algo  do  que eu  quero  voltar a ser,

falei  contigo  e não  falei,  fostes  ausente surda.

Falta-me chão,  superfície polida  a  fluir    e

eu  tinha menos abismos do  que tenho  agora.

Aturdido fiquei  em  palavras  de nexo  sem  dó,

por isso  tomo  cuidado  com  teus sins  e nãos.

Eu  já era  outro  na  tua  chegada  inesperada,

talvez  até sem  querer aturar feitiços  ocos

daquela pala de agonia que sobe a garganta,

mas acabou   lá bem  no  fundo  ficando.

Dou-te razão: quem  precisa para sempre

até que provem  que a ferida aberta valeu ?

Nesse  arremedo  da  trama mal  urdida

quem  quer insano  sentimento  do  nada ?

Ah ! O  que ela  fez  conosco  esse tempo !

Naquela  relação  que era apenas flor  suicida

em  raio  que ama,  depois  fere e destroi !

Não  ensaio  remorsos . . . recuso  loucuras.

 

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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