CAVALOS SELVAGENS p/emgari

O  reboar  do  trovão . . . o  som   no  chão  do  tropel  dos  Cavalos Selvagens

Lá  se  vão  sem  freio  e  sem  brida,  passando  correndo  como  raios

Pareciam  saltar  sobre  nós  para  acusar  essa  absurda  ordem  de  dor

Pra  que  encilhas ?  Pra  que  coxias ?

É  a liberdade  em  disparada,  sem  o  castigo  das  finas  esporas  e  do  chicote,

que   fere   e   sangra

Pra  que  rédeas ?  Pra  que  esse  castigo  desnecessário ?

Somente   correr  e  correr  contra  corações   enfermiços

Cavalos  Selvagens  me  carreguem   em  teu  dorso,  junto   com  a  minha 

imaginação   de espaços   abertos  à  frente  e  me  restitui  a  coragem   de 

enfrentar  o  medo

Cavalgar . . . sem   cavalos  de   ódio  no  pensamento,  só  a   indômita 

inocência  de  puros   potros    selvagens

Me  faz  caminhar  pra   fora  das sombras,  da  profundeza  do  ser,  para  um 

novo   porvir.  Para  uma   pradaria   repleta   de   flores 

Não  refuguem,  sigam  avante . . . encaminhem   minhas   sensações   de 

amplitudes   sem  amarras,  pelos   ombros  incandescentes   das colinas

Bravos   corcéis,   improvável  produto  de  devaneios  ou  distrações,  desafio 

concreto   contra   a   mesquinharia   do  vilão

Cavalos  Selvagens  a  poeira  do  teu  galope  se  dissipa  no  silêncio,  como   o 

sopro  de  uma  brisa,  restando  apenas  pássaros   planando   do  alto  onde

passastes 

Acima  agora,   paira   uma  águia  peregrina,  que  grita  como  um  pranto  na  despedida 

Descai  do  céu  como  uma   lágrima  e   retoma   o  vôo   sumindo  como 

fumaça  outonal

Tentando  descobrir  para  onde   foram  os  Cavalos  Selvagens  . . . 

como   eles   podiam   existir  e   ela  não   sabia . . .    

versejando ( ao estilo de Pessoa )
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