Não esquecerei jamais daquelas noites
Em que gemendo nos meus braços
Soluçavas afogando-se em meus desejos,
E o som dos nossos beijos
Estalando como açoites
A ferirem nossos corpos.
 
 Para nós não importava o local!
Não escolhíamos os momentos;
Na rua, no quarto, nas esquinas...
Ou sobre os reflexos das estrelas
Que para nós sorriam
        Quando amávamos
        Até amanhecer o dia
Rolando por entre as margaridas.
 
Assim sonhava acordado
Acreditando ser real aquele mundo,
Agora, porém percebo que era ilusão,
Ao mergulhar tão profundamente
Nas águas da tua alma
Afastei-me da luz
Sem pensar que me deixarias
Em meio à escuridão.
 
Que foi feito daquilo tudo?
Cadê a estrela cintilante
        Que por nós velava a sorrir?
        Dorme acaso no fundo do teu peito
        O amor que um dia foi meu?
        Ou de tristeza o coitado morreu?

Abner Poeta
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