Aonde vai mulher?
Passo a passo caminhas.
Por que te humilhas 
Submissa a obedecer?!
 
          Pálida! Descorada!
Não ousas resistir?!
Olha o passado!
Ele te dirá o seu nome
Em gemidos sussurrantes.
 
         Murmúrios abafados
Nos lábios trêmulos da história
Hão de desfiar letra por letra
O rosário de suas dores.
 
       E te falarão das cavernas!
Das noites de pavor
Aos pés do seu algoz,
Falarão dos castelos
E também das choupanas
Em que foste violentada
Por aqueles que te roubaram
Mais do que tinhas
Calando-te a voz.
 
       Pobre mulher!
Peregrinaste por caminhos
Semeando rosas,
Mas agora não existem flores
E só o que te resta
É uma trilha de dores
E uma coroa de espinhos.
 
       Suas mãos cansadas!
Seus pés feridos!
Você desiludida!
Sem destino, sem carinho.
 
Eis então que soam as trombetas
Da revolta incontida
Na voz que se levanta
No canto e na poesia
Que soam na garganta
Da mulher oprimida!
 
-Basta covardes!
    Não vos cansais de me ferir?
    Vereis então uma leoa a rugir
    Em fúria selvagem!
    Vereis a força da tormenta
    Que se levanta na alma
    Dos que amam a liberdade.
 
-Quebrarei as correntes da opressão,
Derrubarei os muros da ignorância,
Moerei as pedras da violência,
Derreterei as espadas do preconceito,
E serei livre em todas as línguas
Para construir eu mesma
O meu próprio destino.
 
    Escreverei no livro da história
Uma nova página,
    E nela gravarei meu nome
para que todos saibam
Quem sou.
 
 -Sou guerreira!
Sou amante!
Sou esposa!
Sou amiga!!
Sou mãe!!!
Sou mulher.

Abner Poeta
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