Quisera eu
Poder morder um dia
O cabestro que me guia
Tomando das mãos do destino
Essas rédeas de prata
Que me forçam a seguir
Marchando a trotes largos
Por caminhos estranhos
Que eu não escolhi.
 
Quisera eu
Poder escoicear o mundo
Derrubando de meu lombo
Essa carga inútil,
Que o miserável legado
Da humanidade desumana,
Obriga-me todos os dias
A carregar pelas ruas
Tão cheias de gente,
Tão vazias de vida.
 
Quisera eu
Não ser apenas o agente
Que põe nessa gente
A peia que nos limita
Ao passo a passo das bestas,
Quisera eu
Arrancar dos olhos a viseira
Com que enxergo a vida.
 
Mas esse meu querer
Não rima com os versos

Dessa poesia.                

Abner Poeta
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