Um longo caminho a seguir no nada
O desconhecido no tenro horizonte
A busca da verdade que nunca é encontrada
A lisonjeira passagem que antevê o ontem
As noites vêm e o dia parece ter morrido
As folhas e flores lançaram-se dos galhos
A lua de prata exibe um frígido sorriso
Não há mais estrelas nesse céu nefasto
Um vendaval de secas dúvidas assovia
Cantando sobre o solo de ossos dilacerados
O espetáculo do medo de longe se cria
E de perto se vê sonhos sendo devastados
Pétalas mortas sob o orvalho de sangue
Adornam as vias de um lugar macabro
Têm em sua fragrância um vazio tirante
O perfume do espírito do corpo exilado
Sombras caminham na ausência de corpos
Vozes são ouvidas dessoando o sentido
O solo coberto pelas cinzas de mortos
Oculta as feridas de tempos esquecidos
Olhos doces cegariam-se com o medo
Espíritos assintáticos se esvaeceriam
Mas estes são olhos do Cavaleiro Negro
Que aqui nada temem, apenas apreciam
Olhos de jade, funestos, porém célicos
Enrubrados pelo escarlate choro da carne
Janelas da alma de um espírito cético
Esferas da noite, regeladas obras de arte
O tilintar do metal negro canta os passos
Daquele que veste sua eterna escuridão
Não é mais uma mera armadura de aço
Trata-se de sua pele, a epiderme do dragão
Reza a lenda que nele não há passado
Os oráculos desconhecem o seu futuro
O seu presente é o eterno tempo fadado
A buscar a verdade, caminhando no escuro
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