O que fazer,
Se as trevas se desfazem, mas voltam?
O que dizer,
Se o silêncio é o nosso fiel amigo?
O que sonhar,
Se os pesadelos em rosas nos afogam?
O que viver,
Se a vida pertence ao cavaleiro caído?
É com furor que o medo vêm
E com ímpeto que a virtude se vai
O sono eterno é mais rápido
Que uma lágrima que dos olhos cai
O eco fúnebre reverbera por tudo
Enquanto os badalos ruem o que sobrou
A inerente verdade é o escudo
Daquele que viu o que o mundo cegou
Por que lutar,
Sabendo que a derrota é possível?
Por que desistir,
Se a vitória se mostra eqüidistante?
Por que amar,
Se o amor pode ser uma dor terrível?
Por que odiar,
Se o ódio alimenta o Inferno de Dante?
Migalhas de palavras no éter
Não é o verbo que pode mudar a ação
Todas as coisas acabam no infinitivo
Nas profundezas inóspitas de um coração
Fragmentos de vida se perdem no ar
No labirinto distante da percepção
A morte em si passa a se tornar
Herdeira da vida, a próxima ilusão
Sonhos redesenhados
Em uma guerra já perdida
Amores desembainhados
Por uma vida menos vazia
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