Sangraste teus ternos olhos doces
Fitando a imensidão de um escuro impenetrável
Enquanto tua face pálida, quase sem sangue
Enrugava um sorriso pelo prazer do inalcançável
Salientaste no etéreo aquilo em que confias
Deixando clara a evidência do irrefutável
O mundo vazio da inércia passiva
Se viu sem forças para continuar sendo
Pois no silêncio noturno, tua voz se ouvia
Recriando o espetáculo de um Eterno vivendo
O tempo cristalizou-se em volta de ti
Quando quebraste a prisão que fizera
Tornando tudo aquilo que um dia já foi
Em peixes já mortos no lago das eras
Renasceste de onde jamais pensaria
E transformaste a dor em palavras singelas
Muito mais do que teu mero eu mudou
No momento em que vislumbrava-se com trevas
E se refugiava no lado quente da aurora
Remodelaste vidas e tudo que havia nelas
Agora que descansas ao som do nada
Sabes que o nada é algo que nunca descansa
Aprendeste que o sangue que choravas
Tornou real a ausência da desesperança
Antes teu sonho, do que minha realidade
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