Retrato

Tão pronto a esquecer-te estou

Já que deste amor, nada mais restou

Apenas um quadro, de poeira e abstrato

Com seu rosto sorridente, em um retrato.

 

Seu sorriso, no retrato empoeirado

Denota ainda me querer ao seu lado

A poeira no retrato, esconde em um canto

Do olhar, em sua face, a marca de um pranto.

 

Tão feliz, no retrato que vejo agora,

São cicatrizes incuráveis de outrora

Quando, à luz veemente da cheia lua

Bebia eu do nectar , de sua pele nua.

 

O retrato,mostra a face de quem me deixa

E agora, da falta de meu corpo, se queixa

Não posso mais, de novo, a ti te interessar

Pois, por respeito, não posso mais regressar.

 

O retrato, agora envelhecido pelo pó

Me faz refletir, porque estou tão só

Lancei pois, o quadro no esquecimento

E da saudade, fiz o sepultamento.