Sem inspiração

Só consigo pensar em teu olhar,

Que outrora, tal qual frio orvalhar

Fizeste em lágrimas, meu rosto molhar.

 

Não consigo pensar num poema

Que me oculte da saudade extrema

Sua falta, tornou-se um vivo dilema.

 

Não há palavras em meus pensamentos,

Enquanto recordo nossos bons momentos

E meus lábios procuram os teus, ainda sedentos.

 

Não tenho inspiração sequer para esquecer

Aquela noite em que vieste me aquecer

Meus desejos... não querem enfraquecer.

 

Sinto, de tua boca, o batom que ainda usa

O perfume de teu corpo, em minha pele inclusa

Queres tu, ainda ser minha bela musa?

 

Na lembrança, apenas tua imagem jazia

Agora, apenas esta folha, sem letras... vazia...

Aguardando o retornar de uma nova poesia.

 

Volta, amor...

Volta...

...

 

                             Norberto Eugenio

O poeta, quando perde a pessoa amada, se resume a um ser humano incapaz de se inspirar em algo na qual possa rimar, escrever... Letras, se transformam em numeros. Numeros de dias em que o poeta aguarda voltar sua fonte inspiradora (a pessoa amada)