Porcelana

Assim macia como o acariciamento das algas,
Deslizas sobre o meu peito, de um cansaço vívido,
Pleno, aberto, que devora a minha lucidez, e, também,
Faz-me acordar de um sonho estático a despertando.

Nos teus beijos nada flácidos...
Na rigidez de sua nova vida, com o retoque falso de uma cópia,
És a minha boneca de porcelana mais precisa, a mais perfeita,
Com vida própria em dois enlaces, uma única opinião.

Porcelana, por ser tão humana.
Que sua impaciência constante não a tire desse sossego,
Na eterna insaciabilidade dos teus desejos,
De encontro aos meus pensamentos raramente vagos.

Na perene instabilidade dos sonhos mais impossíveis,
Vejo a possibilidade de não tê-la sem vida,
Porque a vejo estática, eterna em meus sonhos e realidades,
Como se estivesse sedento de amor por tanto amar.

Falta-me qualquer coisa que não desejo?
O amanhã é a dúvida, como se ao fechar infinitamente os meus olhos,
Saber que ali, ao lado, está quem esteve sempre dentro.
Quero continuar amando nos sonhos mais reais e na realidade dos melhores sonhos.

Estocolmo, Suécia

Carl Dahre
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