Minha terra tem ladeiras,
Onde come-se o cuxá;
As aves, que aqui bocejam,
Não bocejam como lá.
Nossas casas têm mais barro,
Nossas várzeas têm mais podres,
Nossos bosques são sem vida,
Nossa vida mais fedores.
Em fumar, sozinho, à noite,
(Se por sorte não for assaltado)
Mais prazer eu encontro lá;
Minha terra tem ladeiras,
Onde come-se o cuxá.
Minha terra tem temores,
Que tais eu não encontro lá;
Em fumar - sozinho, à noite -
Mais prazer não encontro cá;
Minha terra tem ladeiras,
Onde come-se o cuxá.
Pois permita Deus que eu morra,
Sem que eu volte para lá;
Sem que desfrute os temores
Que não encontro por cá;
Sem que eu aviste as ladeiras
Onde come-se o cuxá.
Em homenagem a Gonçalves Dias
Renato Gaspar
© Todos os direitos reservados
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