Tapajó, cacique Açi
saiu do mato para estudar
Tamanduaré, tribo Tupi
Índio Marí foi se aventurar.
Chegando lá só viu concreto
duro e cinza, como fumo de tucuruí
Foi para a escola, aprendeu a pintar
chegando lá não entendeu.
"Os branco se entreteu.
Eu índio Marí, tribo Tupi
Vim caçar espírito branco."
"Ih, malandro, se ferrou
aqui só tem pai de santo.
Mas se quiser, tem emprego."
Índio Marí decidiu trabalhar
Quando Deus-Sol durmia
Compenetrava com espírito branco
e juntos conseguiam papel
Num mausoléu de concreto duro.
Gaia mudou de caras
Quente e frio, o tempo passou
E naquela noite
quando Deus-Sol foi se deitar
Saíram para trabalhar
Numa oca com máquina de papel
"Ih, lascou, PM chegou!"
Espírito branco correu
E quando Marí virou
viu mais espírito branco chegar
"Eu, Índio Marí-"
Água de urucum jorrou de Marí...
*
No jornal do dia seguinte
"Índio morto tentando assaltar banco."
Finalmente Marí entendeu espírito branco.
Espírito de concreto:
duro e cinza, como fumo de tucuruí.
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