Retrato em 45 minutos

O vidro rude retém o sol, o céu mais se parece com o paraíso enfeitado de nuvens espaçosas e branquinhas. Esse céu azul-bebê é tão formidável. O mato de cor atraente fica ou sou eu quem vai?
Tem horas que o sol me ofusca. Plataforma alguma pode ocultar toda essa beleza que eu vejo. Pode ir devagar “Senhor Trem” que hoje eu não estou com pressa. Passa diante dos meus olhos nesse corredor vazio, pois estou no contra pico... As minhas lembranças; são elas que passam.
Minhas narinas ardem, o ar não está dos melhores hoje.
Rodopia pipa cor-de-rosa e azul, rodopia que eu já estou longe de você. Não quer fazer como o outro e nadar como um peixe nesse céu calminho?
Luz do sol aqueça agora esta que logo mais (...)...
Eu estou vendo uma coisa admirável, me causa medo deixar de olhar. É um sol que permite ser visto, meus olhos não se fecham, mas o chacoalho é tanto que lá ou aqui, não sei, parece até que um de nós vai explodir. Eu vi o sol que permite ser visto, mas agora nuvens o enlaçam...
Esquecia-me de onde moro (aonde morro?). No mundo. Eu moro debaixo deste céu... A luminária da minha casa é o sol e um dia deixarei que a terra seja o meu leito (de morte).
É engraçado pensar que... Então... Eu e meu Amor desde sempre moramos juntos.
Minha casa é imensa, cabendo até “Um mundo de pessoas” e eu aqui, sem poder dividir esse momento com ninguém.
Já é hora. E o céu escurece aos poucos. Bem pouco diante de mim.
O sol ainda insiste, mas as nuvens persistem em ocultar-lo.
Vão crianças. Vai mamãe; Que Bonito! Tão pobre e há muito fez família.
Se troque para esta noite meu céu querido, vista-se com a noite.
É comum tardar... É tão belo o entardecer.
Eu confesso não saber de nada mais lindo. Tão voluptuoso. Esse azul pecado faz-me desejar... Nuvens de baunilha, tua cor é sem dúvidas a mais insinuante.
Faze o ar me buscar e me erguer... Que eu dou-te um corpo em chamas, deixe que eu me desmanche nesse prazeroso momento em teus braços.
Não vale dizer-me que teu amor não me é acessível. Ande... Que eu posso fazer inveja a Lua... Mato as sereias mais perfeitas de inveja.
Por teu amor eu viro onça. Veja como nunca fui santa e sim criança.

25/11/04