Mar, se elo de paz
entre o azul do céu
e o traço do horizonte, então,
pacifica-me, ó mar.
Mar, se elo de vida,
de águas profundas
que inundam as terras
de umidade bem vinda, então,
inunda-me, ó mar.
Mar, se elo de amor
entre o poema da tarde
e o alarde trovador, então,
ama-me, ó mar.
Mar, se elo do destino,
de caminhos viajantes,
murmurantes são teus sons
e os tons da maresia, então,
destina-me, ó mar.
Mar, se logo desejo,
ao beijo das ondas,
te quero, ó mar.
Mar, se logo lirismo,
afinizo-me às tuas liras,
portanto, declamo-te ó mar.
Mar, rogo-te a benção da infinutude,
na longitude de estendidas águas
de mágoas dissolvidas, ensalmouradas.
Mar de maremoto, acalmai,
distrai a tua ira na canjira dos santos,
tirai também a prova, no canto leve, bossa nova.
Ó mar, guardo a rima mais cara
debaixo dos olhos para fitar-te feliz,
mas por um triz, não lanço minhas águas às tuas.
Mar, espelho das luas,
chão de prata tremulante,
dai o pão ao navegante
e a calmaria ao semblante de quem ama,
porque amo a ti, ó mar.
São Paulo
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