Às vezes tenho a impressão de que sou um objeto,
um personagem, e que há alguém alem de Deus a vigiar meus passos,
alguém que manipula a minha vida,
interfere brutalmente nos meus sentimentos,
uma certa impressão de que eu não existo,
e que tudo o que eu penso é pensado por outro pouco antes de mim,
então por que esse escritor permite que eu duvide de mim mesma?
Meus sentimentos estão aglomerados num só canto de mim
e eu não sei como chegar lá,
não sei o que dizer para minha dor pra que ela se aquiete.
Mais um dia passa,
estou desistindo de ser adulta,
deve haver algo mais nessa vida,
deve existir algum alento,
eu sou uma descontente de tudo isso,
se meus olhos já não mais vêem graça em chorar,
que outra cousa mais posso eu fazer?
Se minha voz desencantou-se de esperar alguém que tenha os ouvidos graciosos que hão de escutar me com euforia,
com toda a poesia que tem alguém quando escuta.
Se eu não sou de verdade ninguém mais do meu mundo é.

17/12/04