Inspiração!
Quando a agonia da falta de ar chega ao paroxismo
Da última agonia possível – Assim,
Tento, em vão, traduzir-te,
Vida, em dádiva de piedade – por favor,
Imploro-te, ainda – Inspiração!
Ah! Que alívio, que bom! Finalmente!
De ar repleto, a plenos pulmões,
De ser completo, em indizíveis canções!
Lembro-me, agora, de um alemão,
De um assassino - Em:
Nina 1940: Crônica de Um Amor – um filme!
Aquele sorriso! Angelical, artístico!
Quão bonito são os sorrisos!
Qual o canto dos passarinhos!
São sempre e apenas bonitos,
Serão sempre e tão-somente lindos,
Não importando se sofrem de prisão, de solidão,
Não importando se refletem o ódio, o desamor,
Serão sempre apenas bonitos –
Como o canto dos passarinhos!
E a vida é, e sempre será isso,
Apenas assim, e, para mim, sim –
Fonte de inspiração! De salvação!
Qual a súbita e pura e esplendorosa visão!
Que mantenho,
De uma sempre e linda menina,
Uma formosa princesa,
Que a desejo, desse jeito,
Que assim o quero –
Em um simples e vasto e imenso sorriso,
Que se esprai em campos floridos - De margaridas!
E emoldurando castelos antigos,
Nos longínquos e distantes outros tempos,
De ontem, mesmo, imagino,
Quando não há tempos e espaços para o cantar dos passarinhos,
Para os sorrisos!
Para as princesas, idealizadas,
Em ideais de inofensivas masmorras, mas perdidas,
Nas distâncias das coisas íntimas!
Porém, apenas por isso, por um instante de agora,
Como desventurado poeta-cavaleiro que me mantenho,
Que me persigo – apenas por isso! –
Inspiro-me forte e fundo, e ainda agora,
E apenas por esta hora, eu que digo e eu que repito –
Toda a minha vida
Está repleta, e aqui mesmo, e agora mesmo,
Em galope, eis que a ti a ofereço, como cavaleiro! –
Assim, desse jeito – Como a um sorriso que me assalta de sobressalto –
Toma, Margarida!
É teu todo este sorriso –
E Nina para você! – Minha querida!

 

MARCELO GOMES JORGE FERES
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