Naquele papel que ainda guardo
há registros raros
de tua pena,
há obra prima e pequena
do mesmo tamanho
de teu corpo.
Há um sol fragmentado em pedaços
há espaços
vazios...
E logo hoje,
ao encontrar um pierrô bêbado
dormindo na calçada,
pude abrir estes arquivos
de poesia condensada
e bebi deles
um pouco mais.
Claro que existirão outros carnavais
claro que haverá poemas ocultos
claro que haverá dois putos,
que como nós,
hão de perder tempo
escrevendo tolices...
Haverá festa, e descanso,
nas cidades, serras e planícies,
haverá folia e retiro...
Quem sabe haja, ainda,
explicação para esse imenso vazio
que tamborim nenhum
consegue acabar?
Quero um papel amassado
que eu possa lamber, mastigar,
com poesia escrita
em letra de criança
para que na quarta de cinzas
ainda reste-me alguma esperança
de acordar dessa tua lembrança
e só assim
poder
um carnaval
ver
passar.
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