Não deu outra

 
 

 
Não deu outra...
Era quarta de cinzas
e meu caminho era o de sempre.

 
Jardins arquitetônicos pelos lados
uma pista
um guarda chato
e aquelas duas montanhas
me encarando.

 
Acelerei forte,
como que tentando entender
que desgraça instalou-se
entre eu e você
e como tudo começou...

 

 
Eu pude lembrar
dos sambistas desafinados
em plena praia suja
e daquela mesma mulher
cuja blusa parecia querer explodir!

 

 
Uma quarta de cinzas assim
-tenho que admitir-
ninguém merece.

 

 
Não adianta baque surdo da caixa de guerra,
e nem tampouco
um prece que encerra
as folias de uma vida
vivida
ao batuque glorioso
de pecado
humano e gozoso
de amar uma mulher
além de outra
que não deu.

 

Ogro da Fiona
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