JA FAZEM HORAS

QUE O LENÇOL NEGRO DA NOITE

DEBRUÇOU-SE SOBRE A TERRA LUMINOSA

O SOL POR SUA VEZ

TÍMIDO

OCULTOU-SE NAS TREVAS DAS NOVE HORAS

É MINHA HORA

SAIO EM SEGREDO, COM PASSOS TÍMIDOS

TROPEÇO NO BÊBADO,QUE SONOLENTO ME XINGA

DANE-SE. É MINHA HORA

CAMINHO APRESSADO, SOB A LUZ CLARA DA LUA CHEIA

O BOÊMIO CANTA SUA TRISTEZA

NA ESQUINA SILENCIOSA E ESCURA

DANE-SE. É MINHA HORA

MAIS À FRENTE, SERÁ GENTE?

A MERETRIZ DESILUDIDA

MAQUIADA EM MOSAICO

LIMPA A LÁGRIMA SOFRIDA

DA NOITE MAL COMPENSADA.

DANE-SE É MINHA HORA.

LOGO EM FRENTRE AO QUARTEIRÃO

NUM PORTÃO DESCOMUNAL

ADENTRO-ME CONFORMADO

E EM MEIO AS LÁPIDES DE MÁRMORE

AOS PÉS DO CARVALHO SECO

ONDE A CORUJA SOLUÇA

DEITO-ME ETERNAMENTE.

DANE-SE É MINHA HORA .

 

RONALDO MEDEIROS

 

 

Ronaldo Medeiros
© Todos os direitos reservados