(crônica)
 
 
 
        Eis que há tempos a vontade, coincidência e momentos de duas vidas se cruzarem no mesmo lugar em propósitos diferentes, quem sabe num bar, numa rua caminhando para lugar algum em busca de um lugar vazio para ser preenchido, pois os lugares aonde ando já estão ocupados do que já não consigo crer, mas meu propósito em tempos atrás era ir em busca de um jardim onde uma flor especial nasça, mesmo que no asfalto debaixo de um sol escaldante, mas nasça, importante ressaltar e de numa rua ora vazia ora cheia com minha mente apressada a procura de seu leito, um refugio, porque o dia corrido faz dessa uma locomotiva embalado pela adrenalina da fugacidade e o vigor de um crepúsculo que me conduz ao encontro de um rosto amigo, seja de um namorada a espera com seus beijos e abraços revigorantes ou de uma visita planejada que os bons ventos do tempo o trás e o dia se faz, nesta hora, um mundo melhor de se viver, pois assim eu estava a pensar neste dia. Não se prevê onde encontrar e nem tampouco planeá-las, portanto tudo o que acontece é porque tende acontecer, seja como for, como iremos saber se mudarmos um feito para tentar fazê-lo mudar de modo, rumo e de como irá acontecer sem muitas dores, vai-se saber se não é o que tende ser, mesmo se pensarmos que não, será que conseguimos enganar o destino ou ele nos enganou mais uma vez? Esta questão jamais vai ser explicada e tampouco provada, portanto, deixe acontecer da forma e como tende acontecer, só assim teremos a certeza de que as coisas caminham de forma normal ou não. Assim eu conversava comigo mesmo e olhos atônitos mudos me olhando e conversando com eles mesmos, não é engraçado, que estão fazendo o mesmo que eu, mas em voz baixa, bom, o que tenho a ver com isso. Cada um tem o seu tempo e sua hora, quando chegar vamos saber, hoje ando em busca dessa flor, mas sem procurá-la.
      O meu dia não chegou até então, mas tenho a vaga impressão de que a hora ou o dia fosse aquele, quem foi que disse que homem não tem essas impressões, pois é, eu tive, mas não dei muita importância, pensara que fosse alguma coisa que não saberia explicar. As aulas já estavam no fim do 3º semestre e nesse último dia pensando nas aulas que teria que dar para alunos do EJA (Educação para Jovens e Adultos), me peguei também nesses devaneios para descontrair-me, pois estava zanzando para lá e para cá a espera quem sabe da esperança de aparecerem para o planejamento que minha colega de trabalho fizera e eu tinha que executa-lo. Ela me avisara que não poderia vir um dia antes, tive que encarar as aulas de matemática, lembrando que faço Letras, pois não dei importância e encararia assim mesmo, mas perdi por W.O., pois as surpresas estavam apenas a começar o que eu pensava que seria um dia ´´perdido´´ estava a pouco se por a prova. O tédio já tomava conta de mim, como não sou nenhum bicho preguiça, logo se deu. Nenhum aluno apareceu e já estava indo embora, mas logo a avistei, não era a primeira vez e nem o primeiro dia que avistara, em muitos intervalos nossos olhares afoitos se cruzavam de longe e de bem perto quando caminhávamos em direções contrarias e um breve oi soava como uma música para meus ouvidos. Fui à secretaria resolver um probleminha e quando tudo já resolvido, assim que sai, em frente a porta sentada no banco, lá estava ela radiante, passei a sua frente e lhe disse um tímido oi, porque não a esperava-a ali, não, que não queria, mas surpreendeu-me e segui em frente, percebi que depois de algum tempinho ela me seguia, não sei se era isso mesmo, mas vinha atrás de mim. No corredor fingi que estava entrando no banheiro e quando entrei ela passou com sua amiga que estava com ela desde o banco, pois quando voltei para ver aonde ela iria para segui-la, ela me surpreendeu antes que eu lhe pudesse e voltou de encontro a mim, como quem se esquecesse de algo, mas sabendo muito bem onde estava, achando algo já achado, perguntando meu nome de imediato e eu lhe disse. Começamos a conversar e antes que o tempo se acabasse e eu não fizesse o que tinha pensado no caminho do banheiro, pedi-lhe o número de seu telefone e gentilmente passara, quando o tempo estava prestes a se acabar que já era hora de ir, em uma de minhas perguntas era onde morava e dissera que era perto, me ofereci para levá-la em casa e ela aceitara. Como vinha de moto, deixei minha moto no estacionamento da faculdade e fui com ela. No caminho trocando palavras, gostos, brincadeiras e muitas, muitas risadas, talvez isso que nos cativou. Estas risadas tinham doses de segundas invenções e de abraços com risadas como se pudesse me conter parado e tivesse em quem me apoiar, sabe! E nesses olhares e toques o grande desejo de um agricultor ao ver sua rosa nascer bela e com o pressagio de que será a mais bela de todas, como se nas rosas tivessem olhos e brilhassem como estrelas iluminando todo o ponto de ônibus onde estávamos, apesar de todos os indícios que me dera desde quando nos olhamos, queria ter a certeza e o quanto estava seguro de mim e sem lhe pedir olhei dentro de seus olhos e bem devagar fui chegando cada vez mais perto e embalamos em beijos molhados com muita fugacidade, cujo nossos olhares já havia dito tudo o que precisávamos saber e a ânsia de beijarmos cada vez mais e cada vez mais delicioso, fez deles mais revigorantes. As horas havia de passar como se tudo parasse e nada mais nos importava, quando fomos dar contar, tudo havia parado realmente e o silêncio da rua tomava conta nossas mentes, pois mesmo assim não deixamos o êxtase daqueles momentos escapar por dentre nossos dedos, nossas jurar e confissões sobre tudo o que havia de acontecer, foi o que um esperava ouvir do outro ou até mais e a vontade de não ir embora era muito grande e como se bastasse fizemos planos para o dia seguinte, nunca umas vinte e quatro horas foram tão demoradas a passar para que eu pudesse voltar a vê-la. Despedi-me com muito beijos e abraços acompanhados de ternura, era como se há tempos já a conhecia e fui-me; mas havia me esquecido de um detalhe, minha moto estava no estacionamento e já tinha fechado há tempos. Assim que cheguei ao portão, lá estava o vigia dentro de seu leito, comecei a bater palmas e algum tempo depois ele aparecera, pedi-lhe gentilmente se pudesse me deixar pegar minha moto, mas como já estava tudo trancado e os alarmes ligados, tinha que entrar em contato com a central, porque só eles conseguiriam desarmá-lo e gentilmente o fez, porém deu um certo trabalho; disse que estava com minha namorada que as horas passaram mais rápidas do que de costume e ao mesmo tempo ele abrindo os portões, o agradeci com todas as inferências que me cabia para tentar me explicar e peguei a moto e fui-me. No caminho macio que trilhava de volta para minha casa e pensando no caminho que iria fazer no dia seguinte de volta para vê-la com a segurança de que a minha hora tinha chegado, o que há tempos oscilava quando olhávamos, nas vinte e quatro horas que passou nossos braços interlaçavam enquanto caminhávamos.