Amor cristalizado
Consumado até o osso
Queimado em óleo fino
Secado em sal grosso
De puro gosto alcalino
Esmaga-me um colosso
Abre-se um céu azulino
Declaro-me em calabouço
Teu nome soa-me um hino
Recito-o como um pai-nosso
Minha fome é de menino
Você o abundante almoço
Ruídos de boca-de-sino
Peitoral em alvoroço
Um traçado bailarino
Nas linhas do seu esboço
Gosto de café capuccino
Ardo em febre-do-caroço
Desejos de amor clandestino
Fantasiado de bom-moço
É meu o seu destino
Seja num fundo poço
Arrasto-me como felino
Junto as sobras do destroço
Um bem querer grã-fino
Arrepios atrás do pescoço
O que sinto é divino
Coração puro, te ouço!

 
 
Gê Muniz