Pobre homen

Diante de tantos, tudo que esperava se fez verdade

Ao passar diante daquela casa

Pôde compreender o quanto havia crescido

Não que de algum modo perdesse a ilusão

A ternura dos gestos do pouco que lhe restava

O viço das marcas que o tempo lhe presenteou

De todas as alegrias que a vida lhe preparou

Uma cidade inteira lhe pedia por onde passava

No caminhar em passos contidos

Uma palavra

Um verso tecido jogado ao vento em segredo

E assim, o final

Em rimas às vezes sentido algum

Pairando dúvidas que o amor pode um dia clarear

Não fosse ele o pobre homem

Incerto e calmo diante daquele portão

Que de tão antigo ainda se arrastava

Quase sem vida sobre um monte de estranhos

Pisotear se dó os mesmos filhos

Que um dia a vida teve-os de volta.

 

 

 

Roberto D'ara
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