Hoje escrevo em letras trêmulas sobre a parede descascada

As paginas viram sozinhas

A brisa é suave, prelúdio das folhas

Qual fogo incauto

preserva a loucura a mercê d'uma carta

Bem poderia ser uma poesia

Um verso diverso à margem das rimas

Nada sei sobre o que me perguntas

Nada posso ante tão profano drama

A névoa que atravessa a ponte

Ondeia a doçura do teu aceno

Súbito naufrágio

Num lápso de delírio onde a culpa se desfaz

Supor que o desdém que atravessa as amarras da tua folia

Se mostra sagaz

nas telas d'um semblante puro e tenro

O gosto inato do amor que em teu casto coração reside

Tivesse ele qual bondade tardia os poderes da cura

Não mais que a fé que em teu peito nasce

E em tuas preces navegam.

Roberto D'ara
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