Do pratear de luzes artificiais,
ao raiar do sol.
Montes de pedras iluminadas...
Arrebentam-se em filas desordenadas...
Feitos, dos pedreiros tristes de mãos encaliçadas.
 
Pedras brutas se agregam...
Agregada como as pedras, muitas mãos,
Com uma só, não se ergue uma nação.
 
Pedras cruas...
Que se unem...
em torres se despontam nuas.
Umas pequenas outras maiores.
 
Nelas, em cada detalhes...
Vigiadas sob mil olhares...
De homens fardados suicidas...
percorrem nos lados bem atentos...
Evitando massa em esmagamento
em suas resistências vividas.
 
Cidade em ação...
Sai acolhendo sem discriminação.
 
Concilia um derramamento emergente.
Cérebros inteligentes, ou dementes.
Desempregados, trabalhadores __ homens de valores.
Policiais, agentes e doutores.
 
Ricos e mendigos olhando-se de frente...
Não se vêem como gente.
Arranha céus reverenciado, aos pés as favelas,
Mesmo aprisionado entre grades e cancelas.
O medo sem escolha de pessoas, revela...
Um futuro assombroso.
 
Cidade... Em sociedade edifica e desmorona.
Em seus escombros secretos, soterram significadas vidas...
e ali, permanecem eternamente destruídas.
 
Cidade, sem tempo encurtou a fé...
Nesse trecho onde tudo começou...
Antes se andava a pé.
 
Agora só de ônibus, automóvel ou metrô.
Passa, para, seguem...
Sem caminhos para todos...
Todos andam pelos mesmos caminhos,
se afunilam, se esbarram e se perseguem.
 
Enquanto incha a cidade...
O campo se esvaziou.
O homem desamparado foge do seu habitat,
onde nasceu e se criou.
Sem formação, perde os seus valores,
Quando tentam viver em sociedade.
 
Espelho que reflete a Cidade...
Em circunstância atual.
Poucos bem, muitos maus.
com povos vazios, desencantados,
indefesos e marginalizados.


 
 
 
 
 
 

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