Pássaro da inconstância.
Asas longas tentando encobrir sua infidelidade.
Bico fino, língua muito comprida,
para retirar o néctar das flores femininas.
Beija a todas sem apegar-se a nenhuma.
Voa velozmente de uma dama para outra.
Beija-flor! Colibri leviano.
Lábia e álibi perfeitos.
Muitas promessas de amor,
seladas com um súbito adeus.
Apaixona-se por um olhar,
perde o encanto no pôr-do-sol.
Incorrigivelmente infiel.
Certo dia, a ave despertou quarentona.
Parou subitamente no ar.
Pousou num galho de uma árvore.
Coração vazio... solidão...
Quanto tempo perdido!...
 
 
Esta poesia faz parte do livro:
"Eu Poético"   - Editora CBJE - RJ - Setembro/ 2007 - Poesia e Prosa.

Rosimeire Leal da Motta Piredda
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