Hoje a morte sondou-nos sorrateiramente,
Percorreu os portais da cidade adormecida;
Eu a vi, e como de costume, adormeci,
Sua imagem era a de uma serpente traiçoeira;
Desprezo-a, na verdade, ela me incita
Na sua astúcia sempre costumeira.
Ainda é de todos desconhecida, a morte,
Assunto melindroso provoca dores na mente...
Falar da morte ainda traz aos homens
O pavor, e uma repulsa pertinente.
Ah! A morte. Que pode existir de flagelo
Se esse anelo nos é a certeza mais certa?
- E o que é a morte? Simples passagem da vida...
A vida que nos revela após a vida na Terra,
Que devemos aceitar, alvo que ativa
O adágio da morte, pois nada encerra!
A morte, triste engano de quem julga prevê
Julga anuir a Deus, incluir em seu atino...
Mas subestima o Criador, termo que se vê,
O Homem menospreza seu destino,
Supõe-se forte, mas a morte o antevê,
Os anos logo passam ao desatino.
E este logo descobre, mesmo depois da vida...
Da vida e da morte, esta tão necessária,
Nada mais correto que a morte
Esse norte! Sem ela nada haveria,
Que seria da vida sem esse passaporte!?
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